O aumento dos investimentos na geração de energia solar, seja em projetos de usinas de grande porte ou na instalação de sistemas pelos próprios consumidores, vem provocando uma redução no preço dos equipamentos no mundo e, consequentemente, no Brasil.

Segundo Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc Energia, nos últimos dois anos o custo de instalação teve queda da ordem de 50% e a tendência é que continue caindo. Mas Vlavianos reclama de falta de incentivo à adoção do sistema, como existe em larga escala no exterior: “É preciso oferecer mais linhas de financiamento para incentivar os pequenos consumidores. Lá fora, os índices de radiação solar são bem menores e as tarifas também, e há mais financiamento”.

Alguns bancos, como Bradesco, Santander, Votorantim, Banco do Nordeste, Banco do Amazonas e Caixa Econômica, disponibilizam linhas de crédito para a instalação de sistemas do tipo. Mas executivos do setor, como o presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia, afirmam que os juros cobrados são ainda muito elevados.

“É um gargalo que ainda existe, uma vez que a maioria das linhas disponíveis é para projetos de pessoas jurídicas. Por isso, defendemos que bancos estatais, como Banco do Brasil e Caixa, ofereçam condições de crédito mais atraentes para pessoas físicas. Hoje, as disponíveis têm juros altos, em alguns casos, entre 2,5% e 3% ao mês”, destaca.

Atualmente, 24 estados dão isenção de ICMS para quem gera sua própria energia, incluindo o Rio. Com isso, o consumidor não é tributado quando usa, posteriormente, a energia excedente que mandou para a distribuidora.

Reinaldo Silva, artista plástico morador do Méier, na Zona Norte do Rio, decidiu produzir sua própria energia em 2016, um ano depois de a alta da tarifa superar os 50%, o que pesou muito no bolso. Consumindo em torno de 500 quilowatts/hora por mês e morando em uma região onde geralmente as temperaturas são bem elevadas, Reinaldo não teve dúvidas e investiu R$ 23 mil no sistema de geração de energia solar. Não se arrepende: sua conta de luz caiu de R$ 622, em janeiro de 2016, um mês antes de instalar o sistema, para R$ 179, em janeiro deste ano.

“Estou gerando cerca de 67% do meu consumo. As tarifas estão cada vez mais elevadas. Sem o sistema solar, eu não conseguiria ficar com os três aparelhos de ar-condicionado ligados ao mesmo tempo. Aqui em casa é muito quente, e eu não conseguiria trabalhar. A gente se privava do conforto. Agora, gerando nossa própria energia, ficamos mais confortáveis em gastar”, comentou Reinaldo.

Para Rodolfo de Sousa Pinto, presidente da Engie Solar, mesmo que as tarifas de energia elétrica não tivessem aumentado tanto nos últimos anos, a atratividade à geração de energia solar continuaria grande, porque a conta de luz tem um peso grande nos orçamentos familiares: “Os custos de instalação dos sistemas solares caíram radicalmente no mundo. E as tarifas, por sua vez, sempre sobem acima da inflação”.

Maurício Ribeiro, sócio-diretor da empresa carioca Green Solar, que projeta e instala sistemas de geração de energia solar, afirma que a procura por parte de consumidores residenciais e pequenos comércios cresceu de 20% a 42% no ano passado:

Um sistema de geração solar fotovoltaica pode ser instalado em qualquer casa ou prédio, seja residencial, comercial ou industrial, de baixa ou alta tensão. Basta ter espaço para a instalação dos painéis. Onde não houver espaço físico pode ser adotada a gestão compartilhada, no qual um grupo de investidores pode instalar o sistema em outro local, desde que atendido pela mesma distribuidora de energia. Cada um receberá os créditos equivalentes à energia gerada em suas contas de luz. O sistema gera energia mesmo sem sol, porque funciona pela radiação.

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