Ao falar sobre ponte, ACM Neto lança candidatura ao governo em 2022
Foto: Agência Haack/ Bahia Notícias

A ponte Salvador-Itaparica sempre esteve na ordem do dia do governo da Bahia desde a gestão de Jacques Wagner, portanto está longe de ser uma novidade. No entanto, o gestor da capital baiana, ACM Neto (DEM), reclamou publicamente da ausência da prefeitura no debate sobre o projeto, cuja licitação foi oficializada na última quarta-feira (19). A fala, enrustida numa autêntica preocupação sobre o tema, tem também outro significado: é o lançamento extraoficial da candidatura do prefeito ao Palácio de Ondina em 2022.

Mesmo que não assuma publicamente o desejo de governar a Bahia já em 2023, ACM Neto trabalha, há algum tempo, com a hipótese da candidatura. Foi essa uma das razões para que, em 2018, o prefeito optasse por não concorrer contra um bem avaliado e candidato à reeleição Rui Costa. Ao invés de arriscar uma disputa, ACM Neto se salvaguardou na expectativa de águas mais tranquilas quatro anos depois. Até lá, todavia, precisa pavimentar o próprio nome e faz parte desse processo criticar projetos do governo da Bahia, ainda que de maneira discreta.

É preciso fazer uma análise do discurso do prefeito de Salvador sobre a ponte em dois pontos relevantes. Na primeira fase da fala, ACM Neto centrou o debate na falta de diálogo entre o governo e a prefeitura, algo tão comum no passado recente que não chega a ser novidade. A capital baiana será impactada diretamente pela ponte e as eventuais consultas ao município são necessárias – ou melhor, imprescindíveis. E, por mais que tenham havido discussões diversas sobre o projeto, formalmente a prefeitura não deve ter sido consultada (dificilmente ACM Neto mentiria por algo tão simples, então partamos do pressuposto que ele traduziu a realidade do Palácio Thomé de Souza).

Se a declaração tivesse tido fim ali, já poderíamos dar um contorno político-eleitoral, mesmo que distante. Só que o diabo mora nos detalhes e todo olheiro político consegue identificar que o prefeito confirmou a intenção para além da própria gestão. Em tom de campanha, ACM Neto bradou que não iria admitir que Rui Costa endividasse gerações futuras de baianos. Ele está certo? Lógico. Qualquer homem público ou cidadão em sã consciência teria a mesma preocupação. A diferença é que o prefeito de Salvador tem pretensões futuras e jamais escondeu o desejo de reviver o tempo áureo da família Magalhães no Palácio de Ondina.

Essa crítica ao projeto da ponte Salvador-Itaparica foi o momento mais explícito do prefeito de Salvador como candidato ao governo da Bahia em 2022. Tratada até como um tom de ameaça por parte da imprensa, a declaração de ACM Neto não foi exatamente a mais polêmica na tensa relação dele com Rui Costa. Porém deixou acesos os alertas de que, nos próximos anos, veremos muitas outras provocações pululando nas entrevistas. Cabe ao cidadão identificar que quase tudo terá um dedinho de disputa eleitoral.

Fonte: Bahia Notícias

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