Por quase todos os ângulos que se olhe para o novo Anuário Brasileiro da Segurança Pública, divulgado ontem com base em dados de 2022, a Bahia aparece no topo do ranking nacional da violência. Possui o município campeão em assassinatos por grupo de 100 mil habitantes e, das cinco cidades com as maiores taxas de mortes violentas, quatro são baianas. Entre as dez, tem seis. Se o recorte for ampliado para 25, são 12, cerca de metade da lista. O estado é também o líder em números absoluto de homicídios, à frente do Rio e de São Paulo.

Com um total de 6.659 mortes intencionais em 2022, a Bahia é o segundo estado mais violento do país, atrás apenas do Amapá. Conforme o Anuário, são utilizados dados das secretarias estaduais de segurança, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Para compor a taxa de Mortes Violentas Intencionais, são somados os números de vítimas de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais dentro e fora de serviço.

Ainda de acordo com o Anuário, a Bahia foi também o quinto estado com menor gasto per capita em segurança pública no Brasil. Entre 2019 e 2022, o investimento do estado na pasta caiu 1,6%. Das despesas totais do estado, o índice voltado para a segurança pública equivaleu, em 2022, a 7,4% das despesas, uma variação de -25,4% em relação a 2019.

Para Dudu Ribeiro, co-fundador da Iniciativa Negra e coordenador da Rede de Observatórios da Segurança na Bahia, para diminuir os índices de violência na Bahia, é necessário ampliar o conceito de segurança pública a um trabalho intersetorial.

“Segurança pública é acesso à educação, à cultura, ao lazer, à renda e ao emprego. É preciso tirar a ideia de segurança pública de que ela é uma questão unicamente de polícia. A polícia vai agir, inclusive, e na maioria das vezes, quando a violência já foi cometida. É importante que a gente invista na prevenção, e investir na prevenção é fazer com que os demais setores do governo participem do processo de discussão e coloquem suas políticas públicas à disposição de um novo modelo de segurança, que seja para todos e todas”, afirma.

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